quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Memjet: Música para Náufragos?

Cada vez se escreve mais , e se vêem mais novidades a respeito desta tecnologia, que promete ser absolutamente revolucionária, e mudar o paradigma atual da impressão. Apesar disto, é muito pouco o que se sabe, e muitas são as dúvidas a este respeito. Esta nota pretende lançar um pouco de luz sobre o assunto e projetar os desafios apresentados pela nossa indústria.


O que é Memjet?



Memjet é uma nova tecnologia de impressão, desenvolvida por uma empresa australiana conhecida como Silverbrook Research. Esta empresa foi fundada em 1994 por Kia Silverbrook, autodenominado "um dos inventores mais prolíficos do mundo", e dedica-se ao desenvolvimento de novas tecnologias, contando, hoje em dia, com nada menos do que 1.400 patentes nos Estados Unidos, e 2.000 patentes pendentes pelo mundo, feito este que a coloca no oitavo lugar
em fevereiro deste ano no "Patent Scorecarad", ranking de patenteamentos de tecnologia, acima de empresas como a Epson e a Xerox.

A tecnologia em si, é um desenvolvimento que combina os melhores elementos da tecnologia inkjet, com uma técnica nova de fabricação litográfica, e da tecnologia laser (na realidade,
a tecnologia LED, utilizada pela Okidata), para criar um cabeçote de impressão "em linha", modular (tem uma terminação triangular encastrado ao o módulo seguinte, e que permite definir uma largura praticamente ilimitada), de 20mm de largura, com 6.400 injetores cada um, que não se desloca pela folha como nos equipamentos convencionais, mas permanece parado, dando lugar a uma série de características simplesmente impressionantes:


• Velocidade de impressão: os equipamentos A4 liberam 60 páginas por minuto.

• Qualidade:O cabeçote promete 1600 dpi nativos, com um tamanho de gota atualmente entre 1 e 2 picolitros (mas que pode ser ainda menor).

• Custos competitivos:a Silverbrook promete equipamentos muito acessíveis (abaixo de 300 dólares em todos os casos) e fornecimentos quase tão econômicos quanto os utilizados em sistemas contínuos de tinta.

Será tudo isto realmente possível?

Claramente, quando aparece uma tecnologia com um altíssimo potencial disruptivo, surgem dúvidas e ceticismo criando um círculo de mistério ao seu redor. E apesar das imagens serem contundentes, não falta que colocou em juízo a veracidade da Memjet.
Entretanto, existem alguns dados bastante contundentes que podem nos levar a pensar que: a) esta tecnologia é "real", ou b) manobraram todas as variantes para tornar esta uma fraude "sólida" (a "Fusão Fria" também foi, na sua época...)

Silverbrook desenvolveu um processador próprio de página, conhecido como SoPec, capaz de manejar as altíssimas taxas de informação requeridas pela impressão de páginas coloridas a esta velocidade. O mesmo tem mais de 40 milhões de transistores (aproximadamente a mesma quantidade que um Pentium IV), e é capaz de calcular 900 milhões de gotas por segundo,
para mais de 70.000 injetores (impressionante, não?) - Como se fosse pouco, este processador incorpora um controlador USB 2.0 fornecendo-nos uma "impressoraem- um-chip".
- Para finalizar, este sistema é capaz de monitorar o estado de cada injetor, e responder adaptativamente para dissimular qualquer falha que possa ocorrer, certo demais para ser verdade, porém existem mais de 1.400 patentes nisto.

1 Falamos de "Tecnologias Disruptivas" quando existe uma nova maneira de fazer o existente, de maneira mais fácil, rápida, econômica, ou simplesmente melhor. Uma T.D. nos obriga a repensar a maneira que vemos determinados aspectos no mundo.Também pode ser aplicada em
outras âmbitos da vida.... 2 Famoso experimento fraudulento de Pons e Fleischmann em 1989, que pretenderam conseguir a fusão mediante a eletrólise numa cuba com água pesada, utilizando eletrodos de Paládio.
O chip desenvolvido pela Silverbrook para "mover" a imensa quantidade de informações que a Memjet requer.

Impacto sobre a nossa indústria

Se tudo isto é "tão caprichoso e recente...", logicamente nos perguntamos: "O que pode ser?" Para nossa indústria, e é aqui onde chegamos ao ponto mais controvertido do nosso artigo, e ao lugar para minha opinião mais pessoal sobre o assunto:

Devemos minimizar o impacto potencial desta tecnologia?

Logicamente NÃO. Sistematicamente, como indústria, tendemos a minimizar o impacto de novas tecnologias (chip, cor, etc) e nos encontramos atrasados e mal preparados invento após invento. Estamos sendo alertados com antecipação suficiente, já que não foram confirmadas empresas que irão adotar definitivamente as tecnologias Memjet, mas asseguro a você que irão fazê-lo. E deveremos estar preparados para o novo contexto.

Quão abrangente pode ser sua chegada?

Muito. Os protótipos atuais falam de impressoras de fotos de dois segundos por folha, impressoras A4 super rápidas, impressoras de etiquetas com características recentes, como a impressão multi colorida, plotters, inclusive equipamentos que poderiam rivalizar com imprensas offset até 36.000 folhas de papel por hora! O impacto é simplesmente incomensurável. Apesar de ser certo que determinados nichos de impressão, fundamentalmente
aqueles de laser de alta velocidade, não seriam substituídos em curto prazo, por questões de economia de impressão, robustez, e, eventualmente, velocidade, o potencial é realmente grande.

Devo assustar-me, retirar-me, deixar meu negócio?

De maneira alguma. Todas as revoluções tecnológicas representam simples e lucrativas maneiras de fazer negócios, que os estúpidos desperdiçam sistematicamente. Inclusive Silverbrook comentou que dará espaço à indústria do reciclado para os consumíveis deste novo produto. Simplesmente não se aferre às máquinas de escrever quando aparecem os PCs, e teremos à nossa frente, um presente cheio de desafios e soluções para nossos clientes, que são aqueles, não se esqueçam nunca, que, finalmente, dão sentido aos nossos negócios.
Leonardo Valente é economista e profissional inscrito do Conselho Profissional de Ciências Informáticas de Buenos Aires. Tem sido produtor de meios especializados em informática, e trabalhado nas áreas de sistemas e marketing de várias empresas. Atualmente dirige a Inkpro.net, uma empresa de reciclagem ISO 9001 com distribuidores em toda Argentina, que ativamente trabalha no teste de cartuchos sob as normas ASTM. Realiza, também, trabalhos de consultoria e implementação de sistematização e qualidade em empresas do setor.

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